O Valor do Amanhã

#books/nonfiction

Por que eu li esse livro?

Um colega de trabalho estava lendo e durante uma conversa me convenceu que o livro é bom.

Principais Aprendizados

Este livro me mostrou que o efeito dos juros é inerente da natureza. Está embutido em qualquer forma de troca intertemporal. Portanto não é um conceito que se aplica apenas a finanças.

Os juros são o prêmio da espera na ponta credora - os ganhos decorrentes da transferência ou cessão temporária de valores do presente para o futuro; e são o preço da impaciência na ponta devedora - o custo de antecipar ou importar valores do futuro para o presente.

Um exemplo emblemático de como esse conceito foi importante pra mim é o fato de eu me esforçar para fazer exercícios físicos atualmente.

Fazer exercícios físicos não é algo que me faz sentir prazer, no entanto eu entendo que é importante para minha saúde.

Mesmo que no presente (2022, eu com 41 anos de idade) eu não sinta tão claramente a necessidade de exercícios físicos, eu sei que essa prática será muito importante para minha saúde quando eu for um idoso.

Se eu antecipar o "custo" de fazer exercícios físicos pra hoje, isso me custará muito menos quando eu for um idoso.

Falando de outra forma: se eu deixar pra praticar exercícios físicos somente quando for idoso, isso será muito mais "caro".

Citações

O desejo incita à ação; a percepção do tempo incita o conflito entre desejos. O animal humano adquiriu a arte de fazer planos e refrear impulsos. Ele aprendeu a antencipar ou retardar o fluxo das coisas de modo a cooptar o tempo como aliado dos seus desígnios e valores. Isto agora ou aquilo depois? Desfrutar do momento ou cuidar do amanhã? Ousar ou guardar-se? São perguntas das quais não se escapa.

As trocas no tempo são uma via de mão dupla. A posição credora - pagar agora, viver depois - é aquela em que abrimos mão de algo no presente em prol de algo esperado no futuro. O custo precede o benefício. No outro sentido temos a posição devedora - viver agora, pagar depois. São todas as situações em que valores ou benefícios usufruídos mais cedo acarretam algum tipo de ônus ou custo a ser pago mais à frente.

minha parte favorita:

O fenômeno dos juros é inerente a toda e qualquer forma de troca intertemporal. Os juros são o prêmio da espera na ponta credora - os ganhos decorrentes da transferência ou cessão temporária de valores do presente para o futuro; e são o preço da impaciência na ponta devedora - o custo de antecipar ou importar valores do futuro para o presente.

Aprendizados de cada capítulo

1. Reprodução sexuada e mortalidade

Mortalidade aqui se refere a "morrer de velhice".

Pra mim foi interessante perceber que na reprodução assexuada um indivíduo se torna outros dois novo indivíduos. Podemos até dizer que o indivíduo original deixou de existir, mas não podemos dizer que ele morreu.

Obviamente que ocorrem mortes por escassez de recursos (alimentos ou ambiente propício a vida), mas a morte por velhice não acontece.

2. A bioeconomia da senescência

O futuro é incerto, mas o que você faz hoje exerce uma grande influência sobre o que pode acontecer.

Os genes descontam do futuro

A energia extra que temos na juventude pode ser vista como uma antecipação de recursos do futuro. Na nossa velhice temos menos energia por que esses recursos foram transferidos para a nossa juventude.

Obviamente que não se trata de uma troca intencional. Ela acontece não importa qual seja a sua decisão. Não é possível economizar energia agora para sobrar um pouco mais para a velhice. O que podemos fazer no entanto é administrar com mais sabedoria a energia extra que temos na juventude para que possamos ter uma velhice mais confortável e menos sofrida.

"Viver loucamente" na juventude pode trazer bastante sofrimento na velhice, ou até mesmo uma morte precoce. Mas também ao investir maciçamente no futuro para "maximizar os ganhos" podemos perder todo o investimento, antes que este possa render os benefícios esperados. Essa é uma reflexão a se ter em mente ao pensar coisas do tipo "só vou ter filhos depois da faculdade/mestrado/promoção..."

3. A evolução da paciência: metabolismo

Movimento no espaço e no tempo

Nos movemos no espaço e no tempo. No espaço podemos ir para cá ou para lá. No tempo nos movemos única e exclusivamente para lá.

Aproveitar o timing

Há uma menção ao comportamento dos vegetais:

Produzir folhas tem um custo. Produzir folhas no outono/inverno não vale a pena, pois não há tanta disponibilidade de luz solar para ser captada pelas folhas e fazer a fotossíntese (ROI baixo). No verão, vale muito a pena produzir folhas, pois há bastante luz solar, e quanto mais folhas captando a luz solar, mais energia será produzida (ROI elevado).

Operação ganha/ganha na natureza

Há também uma menção aos frutos que são saborosos, para serem coletados pelos animais, e após comidos as sementes são espalhadas.

O autor pergunta:

Quem usa quem? É o animal que se serve da fruta para saciar a fome ou é a fruta que seduz o animal a trabalhar por ela?

Ora, trata-se de uma operação ganha/ganha (conceito bem explicado no livro Os 7 Habitos das pessoas Altamente Eficazes.

Eu acho essa pergunta, "Quem usa quem?" enviesada para a mesquinhez. Contanto que eu esteja me beneficiando (e não prejudicando ninguém), não me importo muito se tem mais alguém se beneficiando (inclusive até prefiro!).

4. A evolução da paciência: comportamento

O ponto alto desse capítulo é o conceito de "desconto hiperbólico", descrito mais abaixo...

citação

"Aquele que deseja mas não age, fomenta pestilência."

~ William Blake

O hack do "prazer vs. dor" e "plantio vs. colheita"

Quando o prazer está em jogo, mais é melhor que menos, antes é melhor que depois. Quando a dor finca os dentes, a equação se inverte: menos e depois é melhor.

Um classificação que gosto de dar a cada ação que vou fazer, é entender se ela é uma ação de "plantio" ou de "colheita".

Na maioria das situações, ações do tipo "colheita" estão relacionadas ao prazer, enquanto ações relacionadas ao "plantio" estão relacionadas ao sacrifício.

Não podemos porém fazer uma simplificação extrema e afirmar que plantio é sinônimo de sacrifício/dor. Acredito que um grande "hack" para viver bem é encontrar atividades de "plantio" que te tragam prazer (ou ao menos não sejam rotuladas como um grande sacrifício).

Desconto Hiperbólico

Neste capítulo é mostrado um experimento muito interessante realizado com pombos, onde é mostrado como geralmente nos comportamos quando temos que decidir sobre antecipação de recursos.

A conclusão do experimento (de maneira extremamente simplificada) pode ser resumida assim:

O experimento que mostra o poder que o "aqui agora" exerce nas nossas decisões.

Tentando falar de maneira mais técnica: quando temos que decidir por uma soma de benefícios que varia de acordo com o intervalo de espera para obtê-los, tendemos a ser mais impacientes quanto menor o intervalo de espera.

O leopardo africano e a importância da "reserva de emergência"

No final do capítulo ele dá um exemplo do leopardo africano que pode optar por se alimentar de pequenos peixes, que ele pega sem grandes dificuldades, ou um antílope, que pode consumir dias de espionagem e tocaia antes do bote. A opção do antílope envolve maior esforço e riscos, mas também maior retorno. No entanto, quando a fome aperta, o desconto hiperbólico atua com força. Pouco agora é melhor que muito depois!

Acredito que podemos usar esse exemplo para ilustrar a importância da reserva de emergência. Pois é uma maneira de evitar que a "fome aperte", ou seja, minimizar os efeitos do desconto hiperbólico. E assim podemos optar por transações que nos serão mais vantajosas no futuro, mesmo que envolva risco e paciência.

5. Tempo, troca intertemporal e juros

6. A dilatação da dimensão temporal

7. A escolha intertemporal no ciclo de vida: infância e juventude

8. A escolha intertemporal no ciclo de vida: maturidade e velhice

9. O horizonte temporal relevante

10. Ciclo de vida, longevidade e finitude